quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Dualismo do Ser


O Bem e O Mal. Duas diretrizes que crescem juntas como inimigas; lados opostos de uma mesma moeda. O bem espelhado no correto, na humildade, na esperança. O Mal espelhado na ganância, no orgulho, no desprezo. É assim que os homens vão aprendendo a se julgarem. Mas poderia algum homem desse mundo se classificar como um ideal? Como uma linha reta de pensamento? Seria um humano capaz disso?


Nunca. Um homem é inconstante por natureza. Animais seguem o instinto, mas o homem RACIOCINA e isso o faz mudar de opinião e de atitude com uma facilidade incrível. Sempre optando pelo melhor pra si e como tal, deixar de ajudar alguém quando lhe é incômodo não lhe tornaria um ser maligno, seria apenas natural, assim como ajudar quando lhe é favorável não lhe tornaria o bom samaritano. Em pleno século 21 acreditar nesse padrão é pura ignorância. Essa linha de pensamento é denominada maniqueísmo.

Maniqueísmo é toda doutrina fundada na dualística entre o Bem e o Mal. Esse pensamento é oportunista e demonstra ter mais força quando o homem vive situações-limite, desesperança, ódio e etc. Nesses momentos o homem dá espaço ao animal e busca soluções simplistas e libertadoras de angústia. Mas a sociedade persiste em guiar-se por valores, mas estes variam de uma para outra, variam até mesmo com o tempo. Os valores não são como os ideais, estão constantemente alterando-se e isso nunca mudará.

Malinovsky, etnólogo polonês, estudando a moral sexual dos selvagens australianos, chegou à conclusão de que tudo o que entre nós é considerado válido e até santo, lá é considerado mal. Portanto, o Bem e o Mal dependem da perspectiva e dos interesses de quem julga. Tudo é apenas um ponto de vista. O homem deve se colocar no lugar do outro, entender a situação de alguém independente da sua, como um caso isolado. Porém mesmo assim sempre haverá divergência de opiniões.

O homem que cresce numa sociedade onde esses termos ainda existem; que cresce programado com esses pensamentos, jamais será capaz de julgar o caráter de alguém. Bem e Mal? rs. Desde quando esses dois termos estiveram tão distantes? Um homem que mata seguindo ordens não é culpado pelos seus atos, da mesma forma o homem que mata para salvar a família não pode ser chamada de herói e tampouco vilão. O homem deve julgar com sabedoria, não com sentimentos ou valores próprios.

O livro arbítrio é o pré-requisito para essa análise. Se numa situação a pessoa tem direito pleno e livre de tomar uma atitude então seus atos podem ser julgados. Assim como uma pessoa que fez algo errado não pode ser julgada para sempre por aquilo. Mas isso já gera a sensação de impunidade entre as pessoas. Portanto, é preciso estar disposto a perdoar. Só assim é possível construir um mundo mais JUSTO, como deve ser, e não definido por termos dualísticos.


A atitude cética parece ser a única solução para isso, pois o cético não toma partido, não se rende ao simplismo, age com sabedoria.  O mundo não é preto e branco, o que importa é fazer o certo. E como diria Robert Henry Srour:

Difícil não é fazer o que é certo, é descobrir o que é certo fazer.”

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